segunda-feira, 9 de abril de 2012

.....A SAFADEZA LEGALIZADA.....



 Esta carta foi enviada ao Banco Itaú, porém devido à criatividade com
 que foi redigida, deveria ser direcionada a todas as instituições
 financeiras. Tenho que prestar reverência ao brasileiro(a) que, apesar
 de ser altamente explorado(a), ainda consegue manter o bom humor.
 Poderia ser dirigida a qualquer banco brasileiro. . .

 Senhores Diretores do Banco Itaú,
 Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma
 pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina de sua rua,
 ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da feira, ou
 de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
 Funcionaria assim: todo mês os senhores, e todos os usuários, pagariam
 uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, feira,
 mecânico, costureira, farmácia etc).. Uma taxa que não garantiria
 nenhum direito extraordinário ao pagante.
 Existente apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de
 que serviria para manter um serviço de alta qualidade.
 Por qualquer produto adquirido (um pãozinho, um remédio, uns litros de
 combustível etc) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo
 do produto, até um pouquinho acima. Que tal?
 Pois, ontem saí de seu Banco com a certeza que os senhores
 concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de
 honestidade.
 Minha certeza deriva de um raciocínio simples. Vamos imaginar a
 seguinte cena: eu vou à padaria para comprar um pãozinho. O padeiro me
 atende muito gentilmente. Vende o pãozinho. Cobra o embrulhar do pão,
 assim como, todo e qualquer serviço..
 Além disso, me impõe taxas. Uma "taxa de acesso ao pãozinho", outra
 "taxa por guardar pão quentinho" e ainda uma "taxa de abertura da
 padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
 Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que
 ocorreu comigo em seu Banco.
 Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto de seu negócio. Os
 senhores me cobraram preços de mercado. Assim como o padeiro me cobra
 o preço de mercado pelo pãozinho.
 Entretanto, diferentemente do padeiro, os senhores não se satisfazem
 me cobrando apenas pelo produto que adquiri.
 Para ter acesso ao produto de seu negócio, os senhores me cobraram uma
 "taxa de abertura de crédito'"- equivalente àquela hipotética "taxa de
 acesso ao pãozinho", que os senhores certamente achariam um absurdo e
 se negariam a pagar.
 Não satisfeitos, para ter acesso ao pãozinho, digo, ao financiamento,
 fui obrigado a abrir uma conta corrente em seu Banco.
 Para que isso fosse possível, os senhores me cobraram uma "taxa de
 abertura de conta".
 Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma
 conta, essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de
 abertura da padaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro
 depois de abrir a padaria.
 Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos
 como "papagaios". Para liberar o "papagaio", alguns Gerentes
 inescrupulosos cobravam um "por fora", que era devidamente embolsado.
 Fiquei com a impressão que o Banco resolveu se antecipar aos gerentes
 inescrupulosos.
 Agora ao invés de um "por fora" temos muitos "por dentro".
 - Tirei um extrato de minha conta - um único extrato no mês - os
 senhores me cobraram uma taxa de R$ 5,00.
 - Olhando o extrato, descobri uma outra taxa de R$ 7,90 "para a
 manutenção da conta" semelhante àquela "taxa pela existência da
 padaria na esquina da rua".
 - A surpresa não acabou: descobri outra taxa de R$ 22,00 a cada
 trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá
 nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros
 (preços) mais altos do mundo.
 - Semelhante àquela "taxa por guardar o pão quentinho".
 - Mas, os senhores são insaciáveis. A gentil funcionária que me
 atendeu me entregou um caderninho onde sou informado que me cobrarão
 taxas por toda e qualquer movimentação que eu fizer.
 Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os
 senhores se esqueceram de me cobrar o ar que respirei enquanto estive
 nas instalações de seu Banco.
 Por favor, me esclareçam uma dúvida: até agora não sei se comprei um
 financiamento ou se vendi a alma!
 Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me
 respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um
 serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que sua
 responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências
 governamentais, que os riscos do negócio são muito elevados etc e tal.
 E, ademais, tudo o que estão cobrando está devidamente coberto por
 lei, regulamentado e autorizado pelo Banco Central.
 Sei disso. Como sei, também, que existem seguros e garantias legais
 que protegem seu negócio de todo e qualquer risco.
 Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de
 influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados..
 Sei que são legais. Mas, também sei que são imorais. Por mais que
 estejam garantidas em lei, vocês concordam o quanto são abusivas.!?!

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