O IDEAL

Acabou de chegar em casa depois de um longo dia de trabalho. Apesar de extremamente cansado, achou minutos para brincar com seus dois cachorrinhos que tinha comprado há alguns meses atrás e se tornaram como joias raras.

Depois de rir das artes das duas irmãs, ele se deita e tenta dar continuidade à leitura do livro, indicado por uma amiga do curso de filosofia.

Apesar de toda sua vontade em continuar, o sono vence.

Foi como se uma cortina abrisse e através da janela enorme, ele pudesse ver um lugar de muito verde, grama aparadinha de extensão incalculável.

 Montanhas podiam ser vistas bem adiante.

O brilho do dia chegava a doer seus olhos.

A maravilha de tudo aquilo o deixou totalmente encantado. Nunca na vida tinha visto lugar assim.

E o cheiro que entrava por todas as partes, o fez sentir flutuar.

A casa estava completamente perfumada.

A sua atração foi tanta que abriu a porta e quis pisar naquele chão.

Para sua enorme surpresa, lá vem suas duas cadelinhas correndo em sua direção, abanando os rabinhos como sempre fazem quando ele chega em casa. Os olhos delas brilhando mais do que de costume. Pareciam mais brancas ainda. Pelagem sedosa e com aquele ar de anjinho.

Foi caminhando, pisando naquela grama até achar sombra debaixo de um pé de maças vermelhas de encher os olhos.

As duas deitam lá com ele e uma lambe a suas mãos.

Novamente vem em seu coração aquele desejo de poder comunicar com elas em palavras, mas como fazer isso se os animais não possuem esse dom?  Mas sempre soube que apesar de não ter palavras elas sempre se expressam muito bem com olhares e atitudes. O tempo parecia ter parado quando uma delas vira a carinha angelical de olhar apaixonado e diz um oi. Tudo bem com você?

Apesar de extremamente espantado, a felicidade não poderia ser maior. Que bom que vocês podem falar comigo. Quantas vezes fiquei a olhar seus olhos querendo entender o que vocês queriam. Eu ficava aflito quando não podia entender e sem saber como agrada-las.

Me perdoem pela insensibilidade. Fazia o possível.

Mas nós sabemos disso. Somos extremamente agradecidas. Sempre estávamos à sua espera. Tentávamos agradecer abanando nossas caudas peludinhas, pulávamos em você em forma de agradecimento. Não era preciso toda aflição em não poder falar a língua dos cães, não tem importância, sempre soubemos do seu amor e carinho por nós, várias vezes quisemos dizer que estávamos bem e felizes.

Nada nos deixava mais felizes do que ouvir o barulho do seu carro chegando.

Jamais quisemos deixa-lo preocupado. Sentíamos seu amor por nós, o seu jeito de nos dar banho e ficar nos cheirando. O jeito que podíamos dormi na mesma cama que você.

Por tudo isso somos agradecidas e mais felizes agora, que estamos no mesmo plano de vida, onde podemos comunicar com facilidade e eternamente.
O senhor Todo Poderoso nos manda como anjinhos para alegrar a vida dos humanos, mostrar a eles o que é o amor incondicional, muitos não nos recebem com amor, mas tivemos sorte em habitar com você.

Aqui é mais belo do que quando estávamos vivos em outra dimensão.

Vivemos cumprindo a função para a qual fomos criados.

Vivemos a paz, o amor, a sinceridade e a verdade... 

Acordou com lambidas no rosto, e sem ouvir palavras, como querendo comida...